segunda-feira, 27 de julho de 2015

PENTALOGIA POÉTICA: GISÉLIO JACINTO DE ALENCAR


A nossa série Pentalogia Poética dessa semana traz poemas de Gisélio Jacinto de Alencar, que coincidentemente, é seu aniversário. Confesso que foi coincidência mesmo. Já estava na nossa pauta desde semana passada publicar poemas desse poeta que é mutuense de coração, já que nasceu em Penha do Capim, terras de Aimorés.
 
Os cinco poemas são transcritos do livro FRAGMENTOS PERDIDOS. Buscamos aqui mostrar diferentes focos que a poesia de Gisélio Jacinto de Alencar nos oferece. A busca pela métrica em Além das Nuvens e da Lua, seu lado filosófico em Filosofando Sobre A Paixão, seu lado religioso em Explicando O Porquê da Fé, um poema classificado por nós como pop em Minha Vida, Veia Sangue e a aproximação de si em Minha Intimidade.



ALÉM DAS NUVENS E DA LUA
(SONETO)

Meus sonhos estão sempre além das nuvens
E pairo sobre estrelas para compor um verso
Conquisto uma e outra e as encontro
Mas elas tímidas são ainda resistentes.

Já me confundi com a nuvem sobre mim
Me absorvi em sua escuridão,
Pois a luz se compõe acima dela e
Pairo, ao ver-me entre as suas correntes.

Ansioso fico na berlinda na espera
Ou procuro a aura do seu manto,
Me guardo para aquela que se insinua

Mas de outra quero sim o que revela
Pois meus sonhos vão além do meu encanto
Além das nuvens, muito além da lua.



FILOSOFANDO SOBRE A PAIXÃO

Para todas as coisas existe uma razão
Mas a razão não existe em todas as coisas,
Pois elas existem nem sempre com motivo
E a pior delas é a paixão.

Paixão não dá razão e nem se explica
Nem motivo tem e nem comenta o porque,
Pois quem se apaixona sem medida
Não mede as consequências e nem vê.

Digo pois que a paixão é inconsequente
E pode acontecer sem nenhuma explicação
Pois a paixão cega a razão da gente

Então paixão não é razão aparente
Razão é amar e ser amado,
Mas amar sem ter medida, isto é paixão.



EXPLICANDO O PORQUÊ DA FÉ

A fé não descerá de seu degraus
Pois ela quer o infinito do alto
E mais ainda...
A fé é a procura mais constante.

Ela nunca acabará ela jamais morrerá.
Onde há vida, a fé ali estará,
Pois é ela a sua mola propulsora
E leva e trás toda a certeza.

Se acerca de todos os seus anseios
E te leva e te instrui.

As suas montanhas mais íngremes
Ela contigo subirá.

Construirá a sua casa, seu sonho,
Mesmo que obstáculos existam.

A fé sempre haverá de existir,
Pois é ela a razão do ser vivente
Que busca o seu ideal e luta e acredita
Como um navio que leva dentro de si
A alma sempre em frente


MINHA VIDA, VEIA SANGUE

Há um carro que desliza em um chão de predra
A procura de um lugar para estacionar
E é assim que parece estar havendo,
Nas canções da minha vida,
Se solto o freio, passa do ponto,
Se freio já passou do lugar.

Mas ainda quero cantar com o motor
Que é como o meu coração,
Que ronca e sofre por passar nesta estrada
Que tem pedra, poeira barro e subida,
Minha vida,
Que empaca no estribilho, ao ar livre
Mas põe o pau para quebrar
Pois aqui é nervo,
É veia e sangue, tem de lutar.


MINHA INTIMIDADE

Gosto de passear dentro de mim
E rever meus conceitos, meus valores,
Para ver de perto a minha intimidade
E sentir as batidas do meu coração.

Pois o meu íntimo é cheio de atalhos.
Há ali muitos caminhos e encruzilhadas.

Vejo neles as nascentes de perseverança
Que formam cachoeiras vislumbrantes,
Descendo com ruídos quais chocalhos.

Treme o peito quanto bato contra mim
Para buscar nele uma solução.

Encontro muito mais que eu procurava
Nas coisas que em mim guardadas
Resolvem minha questão
Embora um pouco demoradas.

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